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19 outubro, 2011

Tempestuosa a vida dos que não aceitam a morte... Canto XV

Quando ele acordou em meio ao gelo sentiu que a força do olimpo naquele mundo distante. Após longas e penosas caminhadas, batalhas infindáveis com as mais assustadoras aberrações, em meio a um antigo bosque, encontrou a morada do Amontoador de Nuvens, aquele que em seu sonho fora o relâmpago, a águia, o touro e o carvalho, o grande Senhor! Aquele que não permitiu que ele congelasse frente ao frio ou afogasse em águas turbulentas, que nos momentos de medo lhe fez proteção, mantendo os seus braços firmes e seu brado forte.

Sabia que ali teria repouso, alimento e paz de espírito, afinal era muito bom ver algo que o fizesse lembrar-se de casa, por mais que houvesse passado meses à lembrança de seu banimento ainda doía em seu coração, afinal fez o que tinha que fazer e nada mais. Chegando próximo ao portão já com o sentimento de retorno, despreocupou-se por apenas um instante, nesta hora foi surpreendido por uma travessura de Hermes que praticamente lhe tirou a vida. – “Seria esse seu desejo grandioso Pai?” – gritou em voz alta enquanto usava suas forças para abrir aqueles grandiosos portões de metal, sentia o veneno dos Deuses destruindo seu corpo de dentro para fora. Não iria desistir, havia chegado tão longe, precisava apenas chegar até o salão principal que prontamente seria curado pelos sábios

       Com praticamente nenhuma força foi se aproximando do seu destino, desde a entrada ouvia ruídos e parecia ver fantasmas por todos os lados, seriam filhos de Hades vindo buscá-lo? Não podia permitir que o senhor do submundo levasse a única coisa que trouxera de sua casa, a sua vida. Sabia que ali havia a proteção necessária para lutar contra aqueles seres que o enfraqueciam a cada segundo. Suas esperanças já estavam no fim, caminhará praticamente todo o grandioso templo de Zeus e não encontrara nem uma pessoa viva. Havia apenas uma ultima esperança.
         
     Praticamente todo o sangue de seu corpo havia escorrido pelo buraco daquela flecha, mesmo a tendo tirado e colocado uma bandagem com a manga de sua roupa o veneno já havia deixado seu sangue tão fino e incoagulável que seu curativo não servia praticamente para nada. Seguiu até a sala da fonte, onde provavelmente conseguiria a proteção necessária. Deixou seu corpo cair pela escada, pois seria a forma mais rápida de alcançar o centro da sala. Como presumia o cálice estava lá, dentro daquela água sempre límpida. Encheu o mesmo e lavou seu ferimento, com isso ganhara mais um tempo de vida, de novo com o cálice cheio aproximou-se do altar, depositou-o em cima da pedra e ali proferiu as palavras que havia aprendido desde pequeno.


“Tu, que és o mais glorioso dos imortais, eternamente todo-poderoso e com múltiplos nomes, Zeus autor da natureza, que governas todas as coisas segundo a tua lei, Eu saúdo-te, porque é permitido a todos os mortais dirigir- te a palavra. É que nós nascemos de ti e o nosso destino é sermos à imagem de Deus, Único entre os seres mortais que vivem e se movem entre os seres da terra. Por essa razão dedicar-te-ei um hino e cantarei sempre o teu poder .“
         

   
     Ao final, já sentido sua alma abandonando o corpo, pegou o cálice e de forma sorridente tentou levá-lo aos seus lábios, sem sucesso. Já era tarde demais, nem mesmo toda sua fé conseguia mantê-lo de pé. –“Faltou tão pouco grande Senhor! Tão pouco. Mas se é o que desejas, volto para casa com o coração cheio de paz”. Como último esforço engatinhou, com o corpo banhado de água e sangue, até próximo da fonte para devolver o cálice ao local onde deve ficar submerso no princípio e no término. Ao final partiu sabendo que havia tido uma vida repleta de felicidade e amigos que conquistará por onde passou, apenas achou que foi muito cedo. Realmente muito cedo!
                                                                                              Teóclides, o Visionário 

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